A tecnologia está transformando nossas vidas de forma profunda. Com o efeito combinatório de inovações como inteligência artificial, robótica e blockchain estamos na beira de uma revolução tecnológica que vai alterar a forma como vivemos e trabalhamos em uma escala fundamentalmente diferente.
Neste post vamos abordar a definição de "Quarta Revolução Industrial" e discutir as principais tecnologias que impulsionam esta transformação, bem como os seus impactos em negócios e nas expectativas dos consumidores.
Estas são as três revoluções industriais que moldaram nossa sociedade moderna. Com cada uma destas três inovações — a máquina a vapor, a era do pensamento científico e da produção em massa, e o surgimento de tecnologias digitais — o mundo mudou profundamente.
E isto está acontecendo agora por uma quarta vez. O que impulsiona a Quarta Revolução Industrial? Agora, tecnologias como cloud computing, redes sociais, mobilidade, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA), em conjunto com maior capacidade computacional e dados (você certamente já esbarrou no conceito de Big Data) estão alterando nossa sociedade.
Você deve se lembrar da aula de história sobre a Revolução Industrial e o impacto das máquinas a vapor e das fábricas na economia e na sociedade da época. De fato, o conceito que tradicionalmente temos é de uma Revolução Industrial que marcou o início da era moderna de mecanização da produção.
Contudo, a abordagem mais moderna identifica distintos marcos de revoluções industriais. O pioneiro neste conceito é o Dr. Klaus Schwab, fundador do Forum Econômico Mundial ("WEF") e autor do livro "The Fourth Industrial Revolution". De acordo com o Dr Schwab, uma revolução industrial é caracterizada pelo aparecimento de "novas tecnologias e novas maneiras de perceber o mundo que impulsionam uma mudança profunda na economia e na estrutura da sociedade."
Portanto, é possível identificarmos os seguintes períodos de revolução industrial:
O advento da máquina a vapor, por volta de 1760, fomentou a mecanização da agricultura e da produção têxtil. Isso abriu caminho para a urbanização com a energia a vapor e as máquinas proporcionando tecnologias superiores para navios e ferrovias. O novo centro da vida comunitária passou a ser a fábrica.
O avanço da industrialização criou uma classe média de trabalhadores. Cidades e indústrias cresceram mais rapidamente e as economias se desenvolveram.
Uma série de invenções começou a aparecer: motor a gasolina, aviões, fertilizantes químicos. O pensamento científico avançava com grandes descobertas na física e também com o aprimoramento do método científico. Viva a ciência!
Estes princípios do método científico — por exemplo: observar, medir, testar hipóteses — também passaram a ser adotados em fábricas. De forma mais contundente em linhas de montagem que formavam a plataforma para a produção em massa. No início do século 20, Henry Ford e sua empresa estavam produzindo em massa o inovador Ford Modelo T, um carro com motor a gasolina construído em linhas de montagem em suas fábricas.
Em 1900, 40% da população dos Estados Unidos já vivia em cidades (ante 6% em 1800). Outras inovações como energia elétrica, rádio e telefones impulsionaram estas transformações na forma como as pessoas viviam. Aliás, se você pensar bem, foi esta segunda revolução industrial que pavimentou o mundo moderno.
Ao ler este post você está experimentando as maravilhas da revolução digital. Você está aproveitando os benefícios de cloud computing, da Internet e de algum dispositivo que permite o seu acesso a estas tecnologias — um laptop, smartphone ou talvez um tablet.
A terceira revolução industrial tem como marco inicial a década de 50 com o desenvolvimento da microeletrônica (leia-se: semicondutores), mainframes e também com as primeiras discussões sobre Inteligência Artificial. Com o fenômeno de "digitization", informações que antes eram consumidas ou transmitidas de forma analógica foram substituídas por meios digitais. Por exemplo, uma TV com uma antena (analógica) foi substituída por um dispositivo conectado à Internet e a um serviço de streaming de vídeos (digital).
A terceira revolução industrial começou a impulsionar também o fenômeno de Transformação Digital no qual as empresas buscam a melhoria de processos operacionais, a criação de novos modelos de negócios e a integração da experiência do cliente por meio da tecnologia.
Cada revolução industrial representou mudanças profundas e transformações em nossa sociedade. O centro da vida saiu de comunidades agrícolas e foi para fábricas, pessoas deixaram o campo e foram para cidades com a introdução da produção mecânica. A eletricidade e os sistemas de produção em massa mudaram a forma como as pessoas viviam e trabalhavam. E, mais recentemente, a revolução digital causou rupturas em todas as indústrias através da transformação digital — mais uma vez, a forma como a pessoas vivem, trabalham e se comunicam sofreu mudanças importantes.
Para onde vamos? Neste momento vivemos uma "tempestade perfeita" de tecnologia. É como se tudo o que sempre sonhamos desde a década de 50 e 60 fosse agora uma realidade. Calma, ainda não temos DeLoreans voadores, mas já temos robôs, mapeamento genético e impressão 3D. E quando estas tecnologias são combinadas, então as coisas começam a ficar realmente interessantes. É o que chamamos no início deste post de efeito combinatório das tecnologias impulsionando a quarta revolução.
Em seu livro sobre a Quarta Revolução Industrial, o Dr. Klaus Schwab descreve assim: "Começou na virada deste século e teve como fundamento a revolução digital. É caracterizada por uma Internet muito mais móvel e global, por sensores menores e mais poderosos e por inteligência artificial e machine learning."
Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, pesquisadores do MIT, descrevem este período como "a segunda era das máquinas". (nota do blog: fica aqui a dica para o livro mais recente do Erik e do Andrew, "Machine, Platform, Crowd. Harnessing our Digital Future").
É um mundo mais inteligente e mais conectado. E está sendo construído em volta de nós, agora mesmo.
"A Quarta Revolução Industrial é uma forma de descrever um conjunto de transformações em andamento e outras prestes a ocorrer em nossa economia, sociedade e maneira de viver." |
Por que desta vez é diferente?
Às vezes parece que a linha entre a quarta revolução e a revolução digital é um pouco confusa. Então, o que concretamente distingue uma da outra?
Os pesquisadores no Forum Econômico Mundial colocam três fatores de diferenciação:
Toda revolução industrial é impulsionada por inovações, as quais geralmente se manifestam como novas tecnologias. Quando estas inovações tornam-se baratas o suficiente para serem escaladas e difundidas, elas mudam a sociedade. Uma máquina a vapor em um laboratório na Inglaterra é um ótimo experimento. Centenas de máquinas a vapor abastecendo um sistema ferroviário transformam uma nação.
Na Quarta Revolução Industrial, os fatores direcionadores das mudanças incríveis que estamos acompanhando incluem o custo decrescente da computação e de dispositivos conectados; a facilidade de implementação de algoritmos de IA; e a queda radical no preço do sequenciamento genético.
"Coisas" conectadas e inteligentes estão nos ajudando a construir carros autônomos, assistentes virtuais e a melhorar o diagnóstico de imagens de saúde — transformando assim o mundo físico, digital e biológico.
Aqui estão algumas estatísticas que podem surpreender você:
Neste ponto já ficou bem claro que tecnologia e revolução industrial tem tudo a ver. São os avanços tecnológicos que impulsionam as revoluções industriais. Aqui vamos apresentar as 10 tecnologias que caracterizam a Quarta Revolução Industrial.
Tecnologias mudando o mundo físico
Tecnologias mudando o mundo digital
Causa e Efeito
As 10 tecnologias que apresentamos são a causa da revolução que estamos vivenciando. Agora vamos investigar os efeitos e impactos da Quarta Revolução Industrial.
O primeiro deles é o aumento da produtividade. Com tecnologias como IA e automação aumentando a nossa capacidade produtiva e melhorando a priorização do nosso tempo. Contudo, nem tudo são flores. Ainda existem muitas questões morais e éticas sobre estas inovações (se você quiser se aprofundar, veja por exemplo o argumento da "Superinteligência" de Nick Bostrom).
Os clientes de hoje têm a expectativa de obter respostas em qualquer hora, no canal e meio de sua preferência. Especialmente se este cliente for um millennial. Seja em redes sociais, email, chat, telefone, eles querem atendimento personalizado e instantâneo.
As tecnologias que nos cercam evoluíram, elevando com elas as expectativas dos clientes. IA, por exemplo, já transformou a expectativa com relação a atendimento ao cliente. Nossa referência hoje é de encontrar respostas rápidas (tudo está a uma busca no Google de distância), serviço personalizado e inteligente (leia-se: personalizado, que leve em conta nosso histórico e preferências).
As empresas precisam migrar de um modelo transacional para um modelo de relacionamento, construído ao redor de serviços e experiências ao invés de produtos.
Uma das consequências da revolução digital é que estamos produzindo dados de forma exponencial. Aqui vai mais uma estatística: 90% dos dados foram criados nos dois últimos anos. Vídeos, fotos, tweets, posts em redes sociais, blogs, sensores, a lista é extensa.
Todos estes dados são como alimento para inteligência artificial. IA está fomentando inovações em vários tipos de produtos e serviços e quanto maior o volume de dados, melhores as predições.
Os algoritmos de machine learning podem analisar estas transações e variáveis para melhorar o desempenho dos negócios. Por exemplo, ajudando as empresas a antecipar as necessidades dos clientes e otimizar preços.
Exemplos de inovações por indústria:
Vamos mergulhar mais a fundo na indústria de Transportes para ilustrar alguns pontos interessantes.
Você precisa ter um carro? Ou você pode simplesmente compartilhar um?
Serviços de compartilhamento de carros funcionam através de múltiplas indústrias — transportes, tecnologia, seguros, serviços financeiros — para fornecer uma experiência integrada ao cliente desde a solicitação de uma viagem até o pagamento. Neste processo, a noção de propriedade de um carro sofreu uma ruptura.
Você pode usar um smartphone para: pedir um carro, rastrear o carro que vai lhe dar uma "carona", obter informações sobre o motorista/veículo/preço da corrida, pagar a "carona" e opcionalmente dar feedback sobre a experiência.
OK, todo mundo já se acostumou com isso. E se agora ao invés de ter um carro você tiver um "carro como serviço". Não seria legal ter acesso a uma frota de veículos onde você pudesse escolher o tipo e modelo de carro que mais se adequa à sua necessidade naquele momento? Os fabricantes de carro estão estudando seriamente "pivotar" para este tipo de modelo de negócios.
O Fórum Economia Mundial fez um relatório muito bacana sobre "Tipping Points" de novas tecnologias e seus impactos na sociedade. Estes são alguns pontos de inflexão que podem ocorrer até 2025:
Conforme a Quarta Revolução Industrial se desenvolve estas inovações irão ganhar espaço em nosso cotidiano. O que mais podemos esperar do futuro?
Os avanços em poder computacional, IA, robótica e ciências de materiais podem acelerar a mudança para produtos sustentáveis. Técnicas de manufatura digital, incluindo impressão 3D, irão aproximar o processo produtivo dos clientes e tornar a manutenção de peças mais rápida e barata.
As inovações em biotecnologia podem permitir a substituição de ossos e o transplante de órgãos a partir de impressões 3D das células tronco de um paciente. Conforme as descobertas sobre o funcionamento do cérebro avançam, podemos criar a expectativa de implantes neurais e interfaces cérebro-máquina que enderecem doenças cognitivas.
Novas tecnologias de energia podem criar fontes de baixo custo e sustentáveis para liberar o planeta dos combustíveis fósseis originados na primeira revolução industrial.
A escala e o alcance das inovações tecnológicas está revolucionando a forma como fazemos negócios. Quer saber mais? Acesse nosso eBook "Somos Todos Trailblazers".